Sobre o projeto
O Vocabulário Bilíngue da Saúde Coletiva é uma iniciativa do Fórum de Editores de Saúde Coletiva da Abrasco. Seu propósito é ampliar a difusão dos artigos produzidos em português, fortalecendo a presença e a relevância da produção científica brasileira no cenário internacional. A iniciativa impulsiona os processos de produção e de tradução editorial ao oferecer termos técnicos usados por especialistas das diferentes áreas, promovendo a consistência nas traduções entre o português e o inglês.
A pandemia de Covid-19 evidenciou que as fronteiras da saúde são porosas e que respostas eficazes exigem diálogo internacional contínuo. Nesse contexto, o vocabulário foi concebido para apoiar autores, editores e tradutores de periódicos da saúde coletiva que publicam e viabilizam a circulação do conhecimento.
O projeto reúne 1.071 termos técnicos, aqui entendidos como termos que adquirem, na saúde coletiva, um sentido particular e inclui, ainda, comentários explicativos quando a tradução exige contextualização adicional. Desenvolvido com o apoio do Decit/Sectics/MS, o vocabulário integra o projeto “Fortalecimento dos Periódicos de Saúde Coletiva: sustentabilidade editorial e promoção da diversidade na publicação científica”, reafirmando o compromisso com uma ciência aberta, crítica e globalmente conectada.
A elaboração do Vocabulário compreendeu três etapas principais: seleção do corpus; extração, sistematização e categorização dos termos; e validação técnica e colaborativa.
Seleção do corpus
Três especialistas das áreas de Epidemiologia, Ciências Humanas e Sociais em Saúde (CHSS) e de Política, Planejamento e Gestão em Saúde (PPGS) realizaram uma busca de artigos na SciELO. Foram inicialmente extraídos 600 artigos publicados entre 2017 e 2024, por meio de palavras-chave associadas aos Grupos de Trabalho (GTs) da Abrasco. Após leitura de títulos e resumos, selecionaram-se 300 artigos — 100 por área — com base na maior densidade conceitual e terminológica. Além da densidade, priorizou-se a atualidade: buscamos termos contemporâneos, em uso efetivo na literatura da área.
Extração, sistematização e categorização
A equipe técnica leu títulos, resumos, introduções e seções metodológicas dos artigos para identificar: i) termos técnicos de uso recorrente; ii) expressões típicas sem tradução evidente; e iii) vocábulos com relevância conceitual para o campo, com atenção à contemporaneidade das formulações. Os termos foram organizados em planilhas com: área de conhecimento; GT da Abrasco; vocábulo em português; vocábulo em inglês; e título/link do artigo de origem. Quando a tradução em inglês constava do próprio artigo e era avaliada como adequada, foi adotada; na ausência de versão em inglês, a equipe técnica, com base em pesquisas complementares, propunha uma tradução, concluindo assim a primeira etapa. Em seguida, realizou-se uma revisão para identificar traduções pouco usuais, corrigir inconsistências e promover alinhamento terminológico.
As planilhas foram reunidas por GT, permitindo observar a recorrência e a sobreposição de termos entre áreas, bem como identificar vocábulos característicos de subcampos específicos. Fez-se a retirada de redundâncias e, depois de unificar em um único arquivo as tabelas de todos os GTs produzidas pelas três especialistas, procedeu-se mais uma revisão para eliminação de duplicidades. A consolidação manteve, para cada termo, a identificação da área, o GT correspondente, a forma em português, a forma em inglês e o link do artigo. Sinalizou-se quando o mesmo termo aparecia em áreas distintas e/ou em GTs diferentes; para facilitar a busca, criou-se uma categorização temática complementar para termos não diretamente associados às áreas ou aos GTs.
As categorias temáticas complementares foram: Atenção e Cuidado em Saúde; Estruturas do SUS e Governança em Saúde; Violência e Saúde/Direitos; Saúde Ambiental; e Métodos, Práticas e Conceitos em Saúde Coletiva.
Após a tradução inicial, cerca de 100 termos foram submetidos à validação com Comissões e GTs da Abrasco, em rodadas de discussão com especialistas, visando à coerência conceitual e à adequação ao contexto da Saúde Coletiva brasileira. Quando não se alcançava uma única opção de tradução, registraram-se alternativas acompanhadas de comentários, com base em critérios de frequência de uso, de equivalência semântica e de tradição terminológica internacional. Optou-se por excluir termos cuja palavra em português apresentava múltiplos significados em inglês e cuja compreensão correta dependeria de definição conceitual detalhada — algo além do escopo deste trabalho, que é terminológico e bilíngue, não enciclopédico. A extração inicial identificou 1.312 termos; após consolidação, revisão e exclusões, o conjunto final do projeto apresenta 1.087 termos técnicos.
O resultado é um vocabulário bilíngue, atual e consistente, pensado para qualificar a tradução editorial, reduzir ambiguidades, ampliar o público leitor e apoiar estratégias de internacionalização responsável da produção de conhecimento em Saúde Coletiva.
Ficha Técnica
Instituição Responsável:
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) – Fórum de Periódicos em Saúde Coletiva
Apoio:
Decit/ Sectics/ Ministério da Saúde
Coordenação Técnica Geral:
Angélica Ferreira Fonseca
Ester Paiva
Elaboração Técnica:
Celita Almeida
Isiyara Pimenta
Priscila Petra
Ester Paiva
Colaboradores:
Ana Flávia Pires d´Oliveira
Ana Lúcia Pontes
Antônio Fernando Boing
Carlos Machado
Cátia Verônica dos Santos Oliveira
Charles Tesser
Edna Maria Covem
Geraldo Lucchese
Helena Wada
Inês Rugani
Izaltina Adão
Liandro Lindner
Lilia Nascimento
Luciene Burlandy
Luiz Antônio Dias Quitério
Maria Fernanda Peres
Martinho Silva
Monica Angelim
Mônica Nunes de Torrenté
Ricardo Burg Ceccim
Ricardo Ventura
Rita de Cássia Cremonin
Sérgio Rego
Sonia Chaves
Stephanie Pereira
Tatiana Wargas Baptista
Victor Aquino
Yara Oyram Ramos Lima